Cooperando em São Paulo – Relatório de IC sobre a Cooperbrilha – Fernando Kleiman

I – Descrição das Atividades e Metodologia

 

Como já descrito no Relatório Parcial das atividades desta Iniciação Científica, entregue em Outubro de 1999, estou pesquisando a Cooperativa de Trabalho Força da Lua Brilhante – COOPERBRILHA, formada na Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo (Incubadora, em diante), a qual integro e participo de sua construção desde o início de suas atividades em Agosto de 1998.

De Outubro para cá mantive minhas atividades de forma muito semelhante a que já as fazia. Relacionado diretamente à pesquisa, e portanto à Cooperbrilha, mantive-me em atividade na Incubadora acompanhando a Cooperativa em questão, participando do GEPEM dela. Desta forma passei aproximadamente 3 ou 4 dias por semana em contato com o grupo (em geral parte dele, principalmente com o Conselho de Administração) tendo trabalhos e conversas que muito contribuíram para a pesquisa. O que facilitou esse contato foi o fato de a Cooperativa possuir sua sede dentro da Incubadora e, junto a isso, eu ter aumentado minha assiduidade nela. Assim, mais presente no mesmo ambiente, o contato era, positivamente, inevitável.  Nesses contatos minha função foi demais variada, muitas vezes gerando crises e reflexões por minha parte sobre o papel do pesquisador. Acompanhei junto ao Conselho de Administração da Cooperativa de negociações com contratantes, realizações de compras, reuniões de planejamento, formulações de propostas e orçamentos. Auxiliei, quando requisitado, dando minha opinião ou até realizando pequenas “aulas” sobre temas como Economia e Matemática. Também estive presente nas Assembléias, chamadas Reuniões de Decisão, nas quais tentei, por motivos de pesquisa, ser o mais externo possível, distinguindo-me dos cooperados. Além disso, tentei entrar em contato com parte das vidas privadas destes, participando de almoços, cafés e realizando visitas nos finais de semana, quando convidado. Cheguei até a ir num aniversário de um cooperado!

Ainda assim, vale a pena ressaltar algumas das atividades através das quais incrementei minha participação na Incubadora, acima relatada: freqüentei as Reuniões de Conselho e Comissão Executiva da Incubadora nas quais discutíamos nossa atuação enquanto tal; participei, inclusive da organização, de nossas chamadas reuniões de Formação, na qual tivemos discussões sobre a realidade de mais de 20 grupos que iniciaram suas incubações, os quais serviram inclusive para avaliar a experiência da Cooperbrilha; e mantive minha participação no Grupo de Estudos de Economia Solidária, que passou a ser parte das atividades da Incubadora, no qual estudamos o Complexo Cooperativo de Mondragón (Whyte & Whyte, 1996).

Minha Iniciação científica, como bem destacou o Orientador Paul Singer, em sua carta à FAPESP para o pedido de bolsa, está se dando nos mesmos moldes das bolsas das estudantes de Ciências Sociais Marina Bitelman e  Mariana Giroto. Assim, além destas atividades, ligadas diretamente à Incubadora, e à Cooperativa, mantivemos um grupo de reunião quinzenal no qual discutíamos o andamento das pesquisas junto ao nosso Orientador.

 

 

 

 

II – Resultado Intelectual da Pesquisa

 

Alívio explicativo

 

A partir do parecer recebido no dia 4 de Abril de 2000, tentarei iniciar minhas conclusões de pesquisa seguindo a linha indicada pelo parecerista. Essa Iniciação Científica tinha como objetivo central observar o funcionamento de uma cooperativa na prática, em São Paulo. Esse projeto encontra-se vinculado a outros dois, como acima descrito, que estudam outras duas cooperativas industriais. Tal descrição, como já havia sido esclarecida no pedido de bolsa, é de grande valia, hoje, para o movimento cooperativista pois poucas são as fontes de dados atuais que possuímos deste. Digo isto com base no grupo de estudos do qual participo desde 1998, conforme já foi relatado em meu relatório parcial.

Desse modo, a partir dessa constatação, nosso objetivo era obter dados da realidade (é importante fazer o destaque de minha compreensão de dado como informação, não necessariamente numérica).

Em relação ao parecer, considero todas as seis questões levantadas de grande interesse, sendo que algumas delas espero abordar nesta conclusão. Mas também não as entendo como mutuamente excludentes, sendo que pelo pouco tempo que foi o um ano de atividade observado, será difícil considerar minhas observações como respostas.

É estranho pensar um resumo conclusivo de minha atividade de pesquisa durante esta Iniciação Científica. Mais do que respostas, tenho certeza que pude levantar muitas questões. O interessante é descrever um pouco aquilo que levou-me a elas, contrariando minhas expectativas.

Quando pensei em realizar uma Iniciação Científica, imaginei que estava recebendo um cartão de ponto de biblioteca. Iria discutir o cooperativismo teórico, e depois concluir minha pesquisa em relatório. Apesar de a atividade reflexiva ter-me tomado bastante tempo (leitura e discussão), a proposta do Orientador Paul Singer muito me surpreendeu. Junto a teoria, que já vínhamos estudando, eu iria partir para a observação da prática, da ação concreta cooperativa. Os livros foram bons companheiros, mas  trabalho de estudo foi, principalmente, realizado no acompanhamento das atividades dos cooperados da Cooperativa de Trabalho Força da Lua Brilhante – Cooperbrilha.

Das questões que me referi acima, algumas valem uma menção inicial esperando desenvolvê-las posteriormente. Existe uma possibilidade de manutenção das relações solidárias formadas em um grupo quando este é inserido na lógica competitiva de mercado? O que são, na prática, os princípios do cooperativismo? A cooperativa popular, que inicia suas atividades sem capital, é viável economicamente? O setor de serviços pode ser cooperativado sem reproduzir as relações do trabalho assalariado, tendo o contratante como patrão?

Lamento não ter recebido o parecer com antecedência, sentindo-me frustado em não poder repensar meu plano de trabalho, dado que este já foi realizado, e também não me sentir apto a realizar a comparação, com uma empresa tradicional, proposta, dado que este acabou por não ser meu objetivo com esta pesquisa. Mesmo assim, na questão da comparação espero comentar a análise de Samuel Bowles e Herbert Gintis que a fazem teoricamente através da teoria dos custos de agenciamento (Agency Costs).

 

 

Histórico da Cooperbrilha junto à Incubadora

 

Minha pesquisa foi centrada no acompanhamento da Cooperativa de Trabalho Força da Lua Brilhante – Cooperbrilha. Mas não é possível traçar um histórico da Cooperbrilha sem inseri-la no contexto histórico da Incubadora, bem como não seria possível traçar a história da Incubadora sem passar pela história da Cooperbrilha. Ambas surgiram quase no mesmo momento, e possuem interessantes processos de mútuo aprendizado institucional.

A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo é um projeto de Ensino, Pesquisa e Extensão realizado por alunos, professores e funcionários da Universidade em conjunto com outras pessoas que são externas a ela. O projeto surgiu de dois grupos de trabalho distintos que exerciam suas atividades em paralelo, vindo a unir forças neste projeto.

O primeiro era um grupo de estudos, realizado por alunos sob a Coordenação do Prof. Paul Singer, que estudava autogestão. Esse grupo iniciou suas atividades em 1997, dentro do projeto Controversa[1], e se reuniam semanalmente para discutir algum texto ligado ao tema. O início da minha participação neste grupo se deu em novembro de 1997, após uma palestra ministrada pelo Professor, quando tive meu primeiro contato com a Economia Solidária.

O segundo era uma equipe da CECAE, Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e Atividades Especiais, braço de extensão universitária da Reitoria da USP, que vinha desenvolvendo três projetos que se ligavam ao assunto: o projeto Universidade Frente ao Desemprego, que discutia o tema do desemprego e encontrou como possibilidade para trabalhar a iniciativa de Incubadora, a partir da experiência do Rio de Janeiro; o projeto Incubadora de Empresas, que já estava em andamento na USP; e o projeto Avizinhar, que realizava trabalhos com as comunidades do entorno da USP, e que via o desemprego como um problema central nestas.

No dia 1o de Junho de 1998 tivemos uma primeira reunião conjunta para ouvir um relato do Franco, funcionário da CECAE, que havia estado num seminário no Rio de Janeiro, promovido pela COPPE/UFRJ. Nesta reunião ele expôs a idéia de Incubadora e a intenção que existia de torná-lo um projeto da Universidade de São Paulo, nos moldes da experiência carioca[2].

Em Agosto iniciamos efetivamente os trabalhos de Incubadora da USP. Tínhamos como objetivo formar 3 cooperativas em um ano, seguindo o modelo adotado pela Coppe. Nesse momento foi que percebemos a necessidade de iniciar os trabalhos de campo, marcando para 15 de Agosto o primeiro encontro com os moradores do Jardim São Remo, favela vizinha à USP. O encontro foi um fiasco, com algumas pessoas presentes no circo escola, mas a grande maioria querendo apenas um emprego, sem muito interesse em fazer um curso para montar uma cooperativa.

No final deste mesmo mês realizamos nossa primeira reunião de Conselho, com 6 alunos, 3 funcionários e 14 professores (a idéia era ampliar para 20 professores). Discutimos a necessidade de desenvolver essa instância da Incubadora que “produziria” conceitos, papers, avaliações, etc. para o grupo de execução das atividades práticas. A meta era iniciar em setembro o primeiro grupo em Incubação.

Realizamos um seminário onde trouxemos pessoas da Incubadora do Rio de Janeiro para nos contar sobre suas experiências. Foi-nos exposto um pouco do panorama que estavam vivendo, ressaltando os benefícios que a comunidade estava tendo com a formação das cooperativas.  Ao substituir os “gatos” nos contratos da Universidade, estavam redistribuindo a gorda fatia de lucro que estes tinham nas licitações ganhas[3].

 Tivemos diversas outras reuniões, contando com a presença inclusive de dirigentes da CUT, nas quais discutíamos formação, legislação, economia e encaminhamentos para nosso trabalho. Discutimos estrutura, metodologia e financiamentos (FINEP e Banco do Brasil), bem como a forma jurídica que poderíamos recebê-los.

Em outubro, enquanto os encontros com as pessoas do Jardim São Remo permaneciam em ritmo lento, com pouca freqüência, fomos procurados pelo Padre João, da Paróquia São Patrício, para discutir sobre a possibilidade de realizar um trabalho com algumas pessoas que freqüentavam a sua missa e estavam desempregadas. Marcamos um encontro, dia 4 de novembro, no qual foram a Mônica e o Paulo de Tarso, da Incubadora, que viram ali uma grande oportunidade que se abria para nós. Eram quase 60 pessoas que estavam interessadas em realizar um curso e nos encontrariam nas semanas seguintes.

Uma percepção possível sobre o tema do cooperativismo, naquele momento, é que pela falta de difusão que este possuía, tanto nos meios acadêmicos, quanto nos populares, as pessoas, assim como nós de alguma maneira, não sabiam muito bem o que estavam fazendo.

O encontro para iniciar o curso, dia 25 de novembro, foi realizado numa sala de aula, em baixo da Paróquia, com 44 pessoas. Era um ambiente com pouca luz, estávamos todos sentados em roda, poucos ali se conheciam, apesar de alguns grupos internos possuírem certa proximidade. Nós da Incubadora havíamos realizado uma reunião anterior a visita na qual decidimos que discutiríamos o “cooperar” junto a uma discussão sobre a organização do curso. A proposta era que o curso fosse uma posse coletiva, assim como a cooperativa, e que por isso todos eram responsáveis. Neste dia eles formaram quatro comissões, para ajudar nessa organização: uma comissão responsável por fazer um painel de recados do curso, uma responsável por organizar o café(que viria a gerar uma pesquisa de mercado e rateio do menor preço entre todos os participantes do curso), uma que cuidaria da presença (tanto da lista de presença que era utilizada para controle, e não cobrança, como também ligaria para os cursandos que faltassem para saber o que havia acontecido) e uma comissão de local, espaço físico (que cuidaria da chave da sala de reunião).

Já nesse início dava para perceber um clima de insegurança, como se a pergunta “o que eles estão fazendo aqui?”  permeasse o grupo. Mas eram pessoas interessadas e o curso ocorreu. Discutimos diversos temas, desde experiências cooperativas na comunidade, numa espécie de ressignificação de valores (já que a experiência de cooperação é muitas vezes ignoradas na vida das pessoas), até temas como mercado e leis.

Das 44 pessoas presentes no primeiro encontro, 23 eram homens e 21 mulheres, sendo que 2/3 delas tinham mais que 30 anos de idade.

No dia 29 de Janeiro de 1999 realizamos uma entrevista com os cooperados, na qual tínhamos como objetivo estudar uma possível atividade econômica comum ao grupo, para a qual faríamos uma pesquisa de mercado. A pesquisa também levava em conta as expectativas dos cooperados, suas áreas de interesse.

No dia 12 de Fevereiro de 1999 tivemos a reunião que formalmente foi considerada como o final do curso de cooperativismo. Nesta nós colocamos a questão: “Agora que vocês já discutiram e têm uma certa idéia do que é uma cooperativa, vocês querem formar uma?”. O “sim” foi quase um consenso no grupo. O processo de consolidação desse grupo havia, aparentemente, se dado durante o curso, de maneira que aqueles que ali permaneciam realmente estavam interessados. Nesse momento a maioria dos alunos eram alunas, muito por que os homens que haviam iniciado o curso tinham que fazer algum “bico” para sustentar a família, enquanto as mulheres pareciam dispor de mais tempo para continuar freqüentando. O curso se dava duas vezes por semana, à noite. Nesta reunião chegamos a conclusão que, se eles quisessem realmente formar a cooperativa, existia uma série de passos a serem dados e para os quais eles deveriam se organizar. Para isso as reuniões deveriam continuar ocorrendo, mas agora não mais como curso, e sim de alguma maneira que eles pudessem discutir, trocar informações e tomar decisões.

Lá pelo dia 25 de fevereiro de 1999, um aluno de uma Unidade da USP falou que tinha conseguido uma possibilidade de contrato junto a esta. Era um possível contrato de jardinagem, que colocamos como oportunidade para o grupo decidir.

Após muita discussão, com alguns a favor pelo fato de ser uma oportunidade para muitos dali que estavam em dificuldades, outros contra pelo fato do mercado de trabalho de jardinagem ser extremamente precarizado, acabaram por decidir que aceitariam aquela oportunidade como um desafio, pensando que um dia a cooperativa poderia mudar de ramo. Assim, avaliaram que para realizar a negociação seria formada uma comissão responsável, mista de membros da Incubadora com membros da comunidade.

Esta comissão chegou a conclusão que para conseguir o contrato eles teriam que se legalizar enquanto cooperativa, que se capacitar enquanto jardineiros e continuar negociando o contrato. Para a continuação das negociações, mantiveram a mesma comissão. Para a capacitação, formaram uma comissão que foi atrás de cursos e custos. Para a realização da legalização formaram duas comissões: uma responsável por ir atrás dos trâmites burocráticos necessários para se tirar uma CNPJ para a cooperativa; e uma para cuidar da organização da Assembléia de eleição dos Conselhos Fiscal e de Administração, e fundação da cooperativa.

A comissão da capacitação conseguiu realizar uma parceria com a prefeitura do Campus para realizar com eles um curso de 4 módulos em jardinagem, em troca da feitura de um material didático que a prefeitura também passaria a utilizar. O material e o curso forma realizados com sucesso, obviamente com alguns pequenos incidentes, sem relevância para este relatório.

A comissão da eleição marcou e organizou para 21 de abril de 1999 a Assembléia de fundação da cooperativa, que foi realizada juntamente com a eleição.

A comissão de legalização conseguiu todas as informações necessárias para a legalização da cooperativa, inclusive redigindo o Estatuto, que foi discutido semanalmente pelo grupo todo, a partir de um boneco fornecido pela Incubadora (feito com base em Estatutos de três outras cooperativas). Um dos pontos polêmicos desse Estatuto foi a questão do nome e do símbolo da cooperativa, mas foi solucionado com primor pela Marta, da Incubadora, que realizava jogos com eles. Neste dia ela realizou um jogo que juntava diversas das sugestões dos cooperados, o que resultou no atual símbolo da Cooperbrilha, bem como no seu nome: Cooperativa de Trabalho Força da Lua Brilhante.

A comissão de contrato, conseguiu negociar com a Unidade um contrato com início no dia 10 de Maio de 1999, momento no qual a cooperativa já estava legalizada e os cooperados suficientemente capacitados. Digo suficientemente pois cada módulo do curso de jardinagem era de uma semana. Desse modo nenhum cooperado recebeu o diploma, que só era dado após ter completado os quatro módulos.

A Cooperativa foi fundada no dia 21 de abril de 1999. Das 25 pessoas que estiveram no dia da decisão por aceitar o contrato com a Unidade, apenas 19 haviam permanecido no grupo da cooperativa (7 homens e 12 mulheres). Isso porque de fevereiro a abril as atenções do grupo estiveram voltadas totalmente para a atividade de jardinagem, que era oportunidade concreta que eles possuíam, mas 6 pessoas estavam interessadas em outras atividades e resolveram se afastar do grupo. Como o mínimo de pessoas para se formar uma cooperativa são 20, os integrantes do grupo optaram por abrir a oportunidade para os parentes que quisessem se inscrever na cooperativa o fizessem. Mas existia uma condição estutária a qual estes estavam sujeitos: teriam 3 meses para fazer um curso de cooperativismo. Os próprios cooperados acharam muito importante ter tido as noções básicas do cooperativismo, para poder conviver dentro (e fora) da cooperativa, na condição de cooperado.

No dia 16 de Junho de 1999 ocorreu o Lançamento Oficial da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo, no anfiteatro da Escola Politécnica. O evento foi marcado pela formatura dos cooperados da Cooperbrilha, que ainda não haviam recebido certificado. A presidente da cooperativa disse que foi uma certa decepção pois eles discutiram que queriam uma cerimônia ou na legalização da cooperativa, ou quando fechassem o primeiro contrato, o que não aconteceu. Acabaram se formando no curso já legalizados e trabalhando.

Após a assinatura do contrato da Unidade, a própria administração teve muita dificuldades em coordenar a execução do contrato, o que logo no primeiro mês levou a presidente a pedir afastamento do cargo, pois dizia que estava muito desgastada. Queria ser apenas uma cooperada. Nesse momento assume em seu lugar a cooperada que havia sido eleita como quarta secretária, pois a vice não queria assumir. Ela manteve a execução do contrato, mas também começou a ter problemas. Os cooperados precisavam de vales, e o contrato exigia gastos para os quais não havia uma forma de controle que desse segurança a quem estava gerindo. A sensação era de estar sempre no prejuízo (o que efetivamente ocorreu por um erro na venda do patrocínio dos uniformes que usavam, e um outro no cálculo dos gastos com entulho, subestimado em 40%). Em votação, os cooperados deliberaram que as retiradas seriam iguais para todos os que estivessem trabalhando pela cooperativa, que esta seria de R$ 400,00 e que o Conselho de Administração, para dedicar seu tempo integral a gestão da cooperativa, receberia também uma retirada mensal.

Antes do final do contrato, por problemas com a gestão do contrato, e divergências inclusive sobre a forma como ele havia sido fechado, a 4a Conselheira pediu afastamento tanto do cargo de Presidente, como daquele para o qual havia sido eleita. A Presidente eleita, após uma reunião na qual houve muita choradeira e lavagem de roupa suja, foi convencida a voltar a sua função, reassumindo a presidência. Nenhuma dessas transferências de cargo interna foram registradas formalmente. Mas o acordo tácito era, entre eles, suficiente para garantir a veracidade dos fatos.

Nesse momento começa a surgir um novo problema na cooperativa. O contratante da Unidade negocia com alguns cooperados para que eles prestassem alguns serviços extras, sem contrato com a Cooperbrilha.  Estes iniciam os serviços e passam a receber um pouco a mais que os outros trabalhadores. Quando tal articulação foi descoberta pelo todo da cooperativa, os outros cooperados exigem tal acordo se encerre e que seja renegociado. O contratante, que naquela situação estava pagando menos, recusa-se a aumentar o valor que pagava. A Presidente tenta discutir mas já estava enfraquecida, era “pegar ou largar”. A situação é colocada em uma reunião na qual é aprovado que as condições do contratante serão aceitas pois é importante para o grupo realizar o serviço, e garantir o posto de trabalho. Os cooperados são prejudicados, tendo sua retirada reduzida pelo percentual da perda sofrida no contrato, em função de sua “pisada na bola”. Os cooperados que haviam vendido o serviço por fora da cooperativa são repreendidos verbalmente, chegando inclusive a gerar alguma animosidade para com o grupo.

Outro problema do contrato foi a questão da ocupação do posto de trabalho. Uma das propostas da cooperativa, por não possuir postos de trabalho para todos os cooperados, era fazer um sistema de rodízio nas equipes de trabalho, de maneira que ninguém ficasse mais de um mês sem rendimentos. Acontece que é muito difícil vender força de trabalho da cooperativa sem personalizá-la nos seus agentes. Assim, o contratante passa a exigir que sejam mantidas determinadas pessoas, e outras afastadas, de maneira que a cooperativa perde sua autonomia. Esse foi outro tema de discussão em reunião mas infelizmente a conclusão que se chegou foi a que a cooperativa não possuía poder de barganha para dispensar um contrato quando suas exigências não fossem cumpridas.

Nesse momento o contrato da Unidade chega perto de seu término e a Presidente fica encarregada da negociação. Esta o faz, e percebe inclusive a necessidade de ampliar o número de contratos, com outros contratantes. Investem então em campanhas de marketing, buscando novos clientes dentro e fora do campus.

Conseguem um contrato com uma Coordenadoria da USP, em julho de 1999, na área da construção civil, mas percebem que não tinham trabalhadores qualificados para o serviço. Assim, “abrem as portas da cooperativa” para novos cooperados, que irão trabalhar neste contrato. São 5 cooperados que entram, sendo 2 parentes de cooperados fundadores; além disso, como exigência do contratante, são obrigados a deixar um engenheiro, conhecido por ele, entrar no contrato. Alguns problemas acontecem, descritos pelos próprios cooperados formados como ocorridos por falta de um curso de cooperativismo.

Um desses problemas foi a reprodução da relação patronal com a Presidente, exigindo os direitos, como adiantamentos e pagamentos no prazo, e trabalhando somente sob ordens. Não foram poucas as discussões que tiveram para resolverem esses casos, nos quais muitas vezes citavam os princípios do cooperativismo como exemplo para a solução. Diziam, eles mesmos, que independente dos problemas, a entrada de novos cooperados era positiva pois seguia os princípios da “Intercooperação” e da “Porta Aberta”. De alguma maneira existia uma carência de autoridade por parte de alguns cooperados que ou exigiam da Presidente uma postura mais autoritária, ou cobravam essa postura da Incubadora. Tal situação é bem descrita por uma fala de um cooperado, no escritório da Cooperbrilha: “O que está faltando na cooperativa é alguém que mande, que dê ordens. Quando o E (da Incubadora) estava com a gente não tinha problema, a gente chamava ele que ele resolvia tudo. Agora falta alguém para botar ordem”.

No final do contrato ocorreu o mesmo problema ocorrido na Unidade. O contratante ofereceu um serviço por fora e um cooperado aceitou; tiveram uma discussão semelhante, usaram o caso da Unidade como exemplo, e também não conseguiram renegociar, prejudicando o cooperado.

Conseguiram também um contrato com uma Fundação da USP, para os ramos de jardinagem e construção civil. Iniciaram os trabalhos e tiveram um novo tipo de problema. O encarregado de serviço da Fundação resolveu assumir a função de patrão deles. Passou a acompanhar o serviço e dar ordens, inclusive pessoais. A discussão surgiu quando um cooperado foi dispensado antes do término do expediente e os outros acharam errado que ele fosse para casa. Ele foi. Num outro dia foi outro cooperado liberado antes do horário. Até que um dia um cooperado, liberado antes do período, foi para o barracão, onde todos guardavam suas coisas, arrumou-se, fechou a sala, e foi para casa com a chave. Ninguém mais a possuía, não puderem entrar e foram para casa sem trocar a roupa. Esse problema foi levado para a reunião e tomaram duas providências: em relação ao barracão, tiraram mais uma cópia da chave; em relação ao encarregado, elegeram um coordenador de campo, que passou a ser o representante da cooperativa ao qual o encarregado deveria se dirigir. Resolveram o problema.

Seguiram outros contratos. Alguns dentro do Campus, outros para fora dos muros da USP. Um dia a Presidente comentou comigo: “É fogo mas os meus cooperados só querem trabalhar no Campus. Acho que eles fizeram amizade e agora só querem ficar por aqui”.

Até julho de 1999 a Cooperbrilha estava com sede em uma sala cedida no prédio da antiga Reitoria, junto com a Incubadora, e para reuniões utilizavam o espaço cedido do barracão da Unidade do contrato. Realizavam a Reunião Geral, de decisão, todo sábado pela manhã. Chamavam essas de Assembléia, o que foi desaconselhado por um Fiscal do Trabalho que os visitou, isso porque o custo das Assembléias era muito alto (existe toda uma exigência burocrática seguindo a legislação). No dia 31 julho decidiram voltar as reuniões para o saguão da Paróquia São Patrício, e pela dificuldade que estavam tendo em ter uma grande participação, votaram que as reuniões passassem a ser quinzenais.

Em agosto de 1999 já eram 17 os cooperados que tinham assumido o compromisso de fazer o curso de cooperativismo e não o haviam feito. Desses, 11 eram porque estavam trabalhando e 6 pois estavam com seu nome no Estatuto. Assim, era preciso realizar um curso para os novos cooperados. Cinco cooperados fundadores se interessaram no assunto, querendo eles formular o curso. Queriam ser formadores. A Incubadora decidiu apoiar a idéia, mas propôs (ou quase impôs) que, para tanto, esses formadores se formassem junto a outros cursos que estavam sendo dados pelo projeto.

Nesse momento, enquanto se discutia o curso, o problema da venda de serviços, sem ser pela cooperativa, voltou a ocorrer. Uma cooperada passou a receber o dobro que recebiam os cooperados, para fazer um serviço de jardinagem com o marido, sem a cooperativa intermediar (essa era a forma como o problema era discutido mas, na realidade, os R$ 800,00 que estavam recebendo, ela e o marido, eram R$ 400,00 para cada um, o que os igualava nas remunerações da cooperativa, ou até piorava estas quando perdia outros benefícios que a cooperativa viria a fornecer).

Voltando a questão do curso de formação, duas cooperadas disponibilizaram seu tempo e passaram a acompanhar o curso da Incubadora que estava sendo realizado no Jardim São Remo, que neste momento havia engrenado. Elas acompanharam o curso por quase dois meses, desde agosto, e formularam uma proposta de curso para os novos cooperados. Eu fiquei encarregado de realizar o curso em conjunto com elas.

 Sendo assim, o curso para novos cooperados já estava sendo discutido pela Cooperbrilha, enquanto a Incubadora iniciava um novo curso em Itapevi e começava a negociar um projeto conjunto com a CNM. No dia 27 de agosto a Cooperbrilha apareceu no Globo Repórter, o que foi motivo de muita alegria para os cooperados. Até este momento eles haviam aparecido apenas em mídia escrita (jornais da USP e do bairro).

Enquanto isso, em função de algumas confusões que estavam ocorrendo dentro da cooperativa, os cooperados resolvem organizar um encontro de dia inteiro para discutir “Direitos e Deveres”. Os direitos e deveres que estavam descritos no Estatuto davam pouca clareza para sua aplicação prática; os casos de venda de serviços sem a cooperativa, os de desrespeito, e as dúvidas que surgiam em relação a gestão que estava sendo realizada, precisavam de uma solução genérica. A idéia era discutir os direitos e deveres e dali formar um Regimento Interno (documento obrigatório à cooperativa mas que ainda não havia sido feito, muito por responsabilidade da Incubadora, que inclusive chegou a reprimir um cooperado quando este foi à OCESP pedir um modelo; nossa alegação foi que tínhamos o direito de “saber quando estávamos pisando no tomate” para poder nos corrigir, sem que eles fossem atrás de outros). O encontro ocorreu, a discussão foi interessante, mas na atividade da tarde, que era discutir cada uma das funções na cooperativa, o grupo acabou se perdendo e fizeram uma lista do tamanho do Estatuto inteiro. O Regimento esperado acabou não saindo.

Foi interessante o fato dos cooperados terem feito um fundo de compra do almoço do dia e contrataram com o dinheiro a cooperativa em formação, do Jardim São Remo, para fornecer almoço em “Quentinhas”. O almoço chegou um pouco atrasado, mas foi bastante elogiado. No mesmo dia também houve uma parte de esclarecimento dos contratos na qual o A (da Incubadora) fez uma exposição sobre a situação financeira da Cooperbrilha que de alguma maneira serviu para dar ânimo no pessoal. A cooperativa estava indo bem financeiramente.

No dia 18 de Setembro de 1999 iniciamos o curso de cooperativismo para novos cooperados da Cooperbrilha, a ser realizado por duas cooperadas fundadoras e eu. A proposta era seguir a linha central dos cursos da Incubadora, que começava a delinear alguns eixos de formação (histórico do cooperativismo, princípios, ser grupo, etc.). Um problema ocorreu em relação ao curso. De certa maneira as duas cooperadas que estavam dando o curso não trabalhavam nos contratos de jardinagem e queriam encontrar outras áreas de atuação (inclusive chegaram a fazer uma pesquisa de mercado sobre acompanhamento de idosos, que descreverei mais a frente). Assim a postura das duas era um pouco distanciada da cooperativa enquanto grupo. Durante todo o curso elas foram acusadas de estarem fazendo oposição ao Conselho da Cooperativa. Mesmo assim vale o registro de uma interpretação interessante de uma delas: “Existe uma distância muito grande entre a Incubadora e a cooperativa. A cooperativa parece que não quer educação e fica na prática. E a Incubadora é muita teoria, não tanto os alunos que estão na comunidade, mas os professores”. Elas pretendiam juntar a educação prática com a teórica.

De fato, o Conselho de Administração estava com trabalho nas áreas que a cooperativa tinha entrado: Jardinagem, Limpeza e Construção Civil. Algumas  cooperadas não estavam contentes com estas áreas de serviço e cobravam bastante uma posição diferente da Administração. Numa situação, as duas cooperadas formadoras foram atrás de contratos na área de Acompanhamento de Idosos, usando o nome da cooperativa sem autorização em reunião. Isso deu uma tremenda discussão pois a Administração interpretou o fato como uma oposição a ela, mais uma vez, questionando a postura de forma bruta, expondo as cooperadas em reunião. Nessa mesma época ocorreu uma acusação de má utilização de poder pela Administração. Eram os três membros do Conselho de Administração que estavam autorizados a controlar a emissão de vales dos contratos. Vales são antecipações da retirada que é feita no dia em que o contrato é pago pelo contratante. Mas a discussão acabou se voltando não tanto para a questão da emissão de vale, mas a forma de fala.

Nessa mesma reunião foi questionado o fato da Incubadora colocar como necessário o acompanhamento de outros grupos para poder “dar” o curso de cooperativismo da Cooperbrilha, quando eles em reunião haviam deliberado que não era necessário (o curso era ou não era deles?). É importante ressaltar o aspecto de emancipação do grupo em relação à Incubadora. A pena é que esse tipo de questionamento só ocorria nas coisas de interesse imediato, e não como questionamento a postura ou estrutura de relacionamento. No fim, nós (as duas cooperadas e eu) marcamos uma reunião fixa para preparação das aulas, aberta a quem quisesse participar, e ninguém participou.

Enquanto ocorriam o curso de cooperativismo, o trabalho dos contratos e as reuniões, o Conselho de Administração permanecia no controle e negociação dos contratos da cooperativa. A realização desse controle foi um dos principais pontos de confronto entre as duas entidades. A Incubadora tentava desenvolver modelos de controle para simplificar o dia a dia, mas muitas vezes era imprecisa na explicação, o que levava a cooperativa a ter dificuldades com os registros a ponto de não faze-los em alguns períodos. Depois que o erro ocorria, tínhamos sempre uma discussão sobre a culpa do erro. A Incubadora dizia que passou e que o cooperado sempre tinha uma desculpa, “contava uma história”. A cooperativa dizia que a Incubadora era incompetente e dava as costas para eles. Esse problema não se resolveu até a Assembléia Ordinária, em março de 2000.

Em 22 de setembro a cobrança em cima do curso de cooperativismo se intensificou. Os cooperados fundadores passaram a exigir a prestação de contas do que estava sendo feito. Queriam que a cooperativa participasse. Teoricamente a cooperativa estava participando, mas, no entender de alguns cooperados, apenas teoricamente: “Tem que ser juntamente com a Cooperbrilha”. Marcamos uma reunião para discutir, mas ninguém compareceu.

Em relação as atividades de negociação da Cooperbrilha, os problemas em relação a postura do contratante continuou. Na reunião do dia 25 de setembro, ocorreu um relato muito interessante da Presidente sobre a postura do contratante: “Segunda feira liguei para o Sr. Gilberto para conversar sobre os contratos. Ele não quis falar e marcou para terça a tarde. Na terça ele faltou, não foi trabalhar…fiquei na dependência dele. Na quarta ele teve reunião. Quinta faltou. Na Sexta-feira ele disse que estava muito ocupado. Disse pela secretaria que mais tarde ele falaria. Não quis me receber e passou, por telefone, que o contrato só seria feito sem o rodízio. Disse que tinha uma empresa lá dentro que oferecia um preço menor e que se a Cooperbrilha fizesse o rodízio não iria mais contratar. Eu disse que a Cooperbrilha é uma empresa diferente, com cunho social, e que quer fazer o rodízio. Até para ele seria melhor pois essas pessoas estarão se capacitando para prestar melhor o serviço(…) Ele disse que essa empresa, quando está muito barulho, ele diz `venham trabalhar no domingo`, eles falam `sim senhor`. Eu disse que é uma cooperativa e ele disse que se não fizesse o rodízio poderia ir trabalhar na Segunda-feira.” Um cooperado, que não trabalha em jardinagem se manifestou: “A formação da cooperativa era para arrumar trabalho e sair da escravidão. Esse contrato é a escravidão!(…) o contratante é o patrão”. Na votação decidiram manter o contrato.

Em outubro as reclamações sobre as áreas de atuação da cooperativa persistiam. O Conselho disse que não dava conta de todas, mas se concentrava em algumas. “O problema tá no grupo inteiro que não passou direito aquilo que eles querem”. Começaram a ocorrer reclamações sobre as equipes de trabalho. Na jardinagem o problema era a “folga” de alguns, na construção era a falta de capacitação: “eu não vou ficar consertando cagada de pedreiro” disse um cooperado. “O problema é que a cooperativa não faz nenhum teste” disse outro.

Outra questão que já vinha permeando o grupo e que aparece com maior intensidade neste mês é a atuação do Conselho Fiscal. Do Conselho Fiscal eleito, apenas uma cooperada se manteve, os outros cinco se retiraram pois não sabiam o que fazer. Como a contabilidade da cooperativa não estava sendo realizada e os registros estavam com problemas de continuidade, o Conselho Fiscal permaneceu em constante “crise de identidade”. Não havia grande desconfiança em relação a gestão, o que havia parecia ser  o peso de assumir uma responsabilidade e não cumpri-la.

Nesse momento também estava discutida a falta de compromisso de alguns cooperados em relação aos contratos que entravam. Dois haviam abandonado o contrato no meio, sem justificativa. Queriam criar um documento que o cooperado assinasse, com uma punição caso não cumprisse. Mas ainda não foi desta vez.

No dia 4 de Novembro de 1999, a Incubadora recebeu a notícia que sua sede iria mudar de local. Havíamos conseguido um barracão na USP. Assim, a cooperativa também mudou. A Cooperbrilha recebeu uma sala que seria a sala das cooperativas. Como até abril de 2000 nenhuma outra cooperativa incubada pela Incubadora precisou de sala, esta passou a ser o escritório da Cooperbrilha. Nele fica tanto a mesa redonda para reunir, como a mesa do computador, como o café e o estoque de ferramentas adquiridas com os contratos (carrinhos de mão, pás, capacetes, …). A infra-estrutura da cooperativa é fornecida pela Incubadora, que não cobra da nem luz nem água. Em discussões dobre o papel da Incubadora costuma ser recorrente a descrição da vantagem de estar ali pelo abatimento nos custos. Além dessa sala a cooperativa não perdeu tempo em ocupar espaços possíveis. O banheiro da Incubadora tem o chuveiro da cooperativa, que os cooperados tomam banho depois do trabalho. Uma outra sala foi cedida pela Incubadora para os cooperados guardarem seus pertences enquanto trabalham (funciona como se fosse o barracão da Unidade na qual eles guardavam as roupas enquanto trabalhavam). E também um pedaço da sala grande de reuniões da Incubadora foi cedida para a cooperativa colocar um fogão industrial que comprou para prestar seu novo serviço: fornecimento de lanche para cursos (Cofee Break).

Em 10 de Novembro alguns problemas permaneciam em pauta. Atrasos e descompromisso com os contratos, atuação do Conselho Fiscal e curso de cooperativismo. Passou a ser pauta para discussão a capacitação. Foi levantada a necessidade de se formar uma nova comissão para cuidar do curso de Jardinagem, já que ninguém havia se formado. Outro tema foi a ausência nas reuniões. Três justificativas foram as principais: falta de dinheiro para condução (pelos cooperados que não estavam em contratos), o horário em função de outros compromissos com filhos e marido, e o horário da escola, quando as reuniões eram marcadas durante a semana para o final da tarde. Resolveram pensar também o agendamento de um dia para formular um Regimento Interno para a cooperativa.

No dia 26 de novembro ocorreu uma reunião extraordinária para tratar da prestação de contas da cooperativa e do afastamento legal de alguns membros que queriam se retirar da cooperativa. Discutiram sobre a questão da imagem da cooperativa e o que os cooperados falavam dela “lá fora”. Disseram que quem tinha algum problema, ia reclamar no bar e todo ficava sabendo: “…e o julgamento lá fora. O cooperado sai, e tem um querendo entrar e fica fazendo um monte de fofocagem(…) todo mundo tá ciente aqui. Assim como a porta tava aberta pra entrar, tá aberta pra sair.” Três cooperados pediram desligamento da cooperativa. Um deles não havia feito o curso de cooperativismo e ficou reunião inteira ameaçando de ir a um advogado pedir para recorrer os seus direitos trabalhistas. Os próprios cooperados informavam que ele havia assinado um papel no qual dizia que a relação de trabalho da cooperativa não tinha direitos. Sobre a prestação de contas, elegeram um novo Conselho Fiscal que iria fiscalizar o que estivesse errado.

A partir de dezembro de 1999 grande parte das atenções passaram a se voltar para o Balanço que deveria ser apresentado no final de março de 2000 (prazo limite para apresentação do balanço referente ao período de 21/4/99 a 31/12/99). A Incubadora passou a ter trabalho direcionado para a questão, com dois contadores trabalhando junto a cooperativa. Mesmo assim a questão foi sendo postergada pois era difícil que as reuniões marcadas para realizar o trabalho fossem cumpridas. Mais uma vez o Conselho Fiscal foi desfeito pela ansiedade da falta de trabalho.

Nesse mesmo mês o outro grupo incubado pela Incubadora, grupo do Jardim São Remo, recebeu uma proposta de trabalho para fazer o serviço de fornecimento de lanches. Como o grupo não tinha condições de se legalizar, pediram autorização em reunião da Cooperbrilha para ingressarem na cooperativa. A proposta foi aceita com alguma discussão, mas no final tornaram-se novos cooperados. Passaram a freqüentar o curso de cooperativismo que neste momento estava no final. Discutíamos o Estatuto da Cooperbrilha (que para eles enquanto cooperados era fundamental conhecer). Um problema que surgiu foi o fato do grupo do Jardim São Remo ser em sua maioria iletrado. Assim ficava difícil estabelecer um sistema de controle do serviço sem passar pelo Conselho Administrativo. A Administração passou a controlar, também, esses contratos.

Para o final do ano, o Conselho de Administração comprou um “kit” de fim de ano para os cooperados: uma cidra, um vinho e um panetone. Distribuiu para todos os cooperados e também presenteou aqueles que acompanhavam eles pela Incubadora. A Presidente comentou: “veio muito mais gente que na reunião”.

Em Janeiro de 2000 a cooperativa manteve seu ritmo normal de trabalho. Para os novos contratos a Presidente desenvolveu uma proposta de incluir os custos para a criação de fundos para garantir os direitos dos cooperados. A remuneração que era calculada em R$ 400, 00 passou a ser calculada em R$ 532,00, incluindo auxílio natalino, descanso anual e Fundo de Direito do Cooperado (uma espécie de FGTS). As pessoas que não estavam em contratos passaram a se afastar de vez da cooperativa; dificilmente apareciam por lá. No dia 15 de Janeiro acabou o curso de cooperativismo para novos cooperados.

No mesmo dia houve uma reunião na qual uma das cooperadas que havia se afastado da cooperativa recebeu uma proposta de trabalho que só seria efetivada através de alguma empresa. Pediu para voltar para a cooperativa o que foi negado por motivos de injustiça com aqueles os quais ela havia desmerecido anteriormente. Também não foi aprovada nesta reunião a realização de um fundo para fornecer cesta básica para os cooperados que estivessem sem contrato. Um cooperado falou: “Não concordo em ajudar as pessoas que não trabalham; não aceito que desconte nada de mim”. Mais uma cooperada se retirou do Conselho Fiscal, momento no qual ficou clara a tensão que estava no grupo. Quando ela justificou sua retirada, o mesmo cooperado da cesta básica disse: “O Conselho Fiscal não está legal; alguns cooperados parecem ter o rei na barriga. Você está se sentindo insegura por causa da sua amiga, que está se afastando”. Também neste dia marcaram uma reunião para fazer o Regimento Interno da cooperativa.

No dia 20 de Janeiro de 2000 os cooperados da Cooperbrilha fizeram a reunião para formular um Regimento Interno. O trabalho foi feito com base em outro Regimento, da Coopamare. Eles discutiram ponto por ponto as propostas da Coopamare e acrescentaram outros pontos indefinidos que haviam dado conflito durante o ano. Um deles foi a questão da venda da concorrência com a cooperativa. A proposta radical de não poder vender serviço que não fosse pela cooperativa foi vetada. A não concorrência ficou limitada ao horário de trabalho da Cooperbrilha, das 8:00 às 17:00 horas. A cooperativa passou a ter um Regimento Interno.

De fevereiro a março, a atenção do Conselho de Administração se centrou na Assembléia marcada para 25 de março de 2000. No dia 26 de fevereiro realizaram uma reunião que foi o término do período de cooperativa para as duas cooperadas que haviam dado o curso de cooperativismo. Uma delas era aquela que polarizava com a Presidente. Neste dia os três primeiros pontos de pauta propostos pela Presidente diziam respeito a ela. Nos dois primeiros discutiram sobre problemas financeiros ocorridos durante o período em que ela havia substituído a Presidente (um déficit de R$ 300,00 referente a um adiantamento para uma cooperada; e uma falta de registro de gasto durante um contrato). A discussão sempre girou em torno da afirmação de que ela “não pegava no pesado”, o que foi muito contestado. A Presidente disse por três vezes: “isso aí é caracterizado como desvio de verba”. A cooperada acabou por contestar e ficaram de marcar uma outra reunião para esclarecer. O terceiro era sobre a aprovação da doação de R$ 200,00 que havia sido feita a ela, enquanto ela estava doente. O grupo não aprovou e deliberou que o Conselho de Administração que o havia feito sem consulta iria repor. A cooperada se retirou enfurecida. Um cooperado comentou: “Cooperbriga!”

Nesse período o Conselho Fiscal, enfim, encontrou sua função. Passou a checar os valores registrados nos livros de controle com os documentos de referência. A Administração manteve suas negociações mas ao mesmo tempo passou a realizar o registro daquilo que não havia sido registrado. Um dia antes da Assembléia o contador ainda não havia finalizado o fechamento das contas. Ficamos, nós da Incubadora e a Administração da Cooperbrilha, aguardando até as 21:00 horas quando o Secretário, inconformado, foi para sua casa, dizendo que no dia seguinte daria sua explicação. Em seu discurso de prestação de contas havia reclamado da incompetência do contador, coisa que um membro da Incubadora, consultado sobre o texto, leu e acabou comentando que era uma injustiça. O Secretario acabou rasgando seu texto.

Até um dia antes desse, dois antes da Assembléia, os dados da cooperativa também não estavam prontos. No fim, um passava a bola para o outro. O clima estava tenso e o contador também não havia acabado. Marcamos para nos encontrarmos no dia seguinte, uma hora antes do início da Assembléia. Ele chegou com atraso, assim como a Presidente, mas mesmo assim deu tempo de receber as informações necessárias para a reunião. O único problema era que, em função de falta de documentação, o Balanço fechado era parcial. Indicava movimentação total da cooperativa, mas não era preciso em relação as sobras.

Nesse mês, 15 dos cooperados que não estavam estudando voltaram a estudar.

No dia 25 de março de 2000 foi realizada a tão aguardada Assembléia Ordinária da Cooperativa de Trabalho Força da Lua Brilhante. A Assembléia ocorreu com certa normalidade. As contas foram apresentadas e, mesmo sendo parciais, foram aprovadas. Foi exigido apenas que quando chegassem a um resultado efetivo fosse marcada uma reunião extraordinária para votar como destinarão as sobras. Na parte do relatório de Gestão ocorreu algo muito interessante: a descrição dos cooperados foi pessoal, relatando o que havia aprendido e o que havia mudado em suas vidas. Contavam suas experiências de cooperativa. Após a palavra dos membros do Conselho de Administração, o Conselho Fiscal colocou que aprovava as contas. Por fim foi aberta a palavra para cada cooperado relatar a sua experiência de vida cooperativa. Um dos cooperados definiu: “a cooperativa é uma luta”.

 


Resumo Operacional da Cooperbrilha

 

            De 1 de Maio de 1999 a 31 de Dezembro de 1999 a Cooperbrilha teve uma receita bruta de aproximadamente R$ 53.000 em 19 contratos realizados (6 em Jardinagem, 5 em Limpeza, 6 em construção civil, 1 em serviço de Portaria e 1 Buffet). Do total de receitas, R$ 28.000 foram retirados diretamente pelos sócios cooperados como remuneração pelo seu trabalho.

Nesse mesmo período, 38  cooperados trabalharam o período total de 3315 dias. Em média trabalharam aproximadamente 90 dias. Na realidade essa média é pouco significativa pois, enquanto os cooperados da Administração trabalharam 228 dias, outros não trabalharam nenhum.

Dos 42 cooperados que chegaram a trabalhar, ou ter o nome pela cooperativa, em março de 2000 apenas 29 permaneceram na cooperativa. Por motivos de conflito, principalmente relacionados às áreas de atuação da cooperativa, saíram 6. Os outros 3 saíram por não conseguirem conviver com as responsabilidades da cooperativa (foram praticamente expulsos). Os 4 restantes encontram-se em uma situação indefinida pois não comparecem as reuniões, o que impossibilitou o afastamento destes.

 

Esclarecimentos

 

            Alguns aspectos do funcionamento da cooperativa, que possam ter fica obscuros no histórico, merecem um destaque para esclarecimento:

 

1.      Estrutura de Poder: a Cooperbrilha inicia suas atividades com uma forma jurídica semelhante a qualquer outra cooperativa. Elege uma Presidente, uma Vice-Presidente, um Secretário e uma Quarta Conselheira. Em pouco tempo a Presidente deixa o cargo, que é assumido pela Quarta Conselheira. A Quarta Conselheira abandona o cargo eleito, a Presidente volta a assumir e o cargo da Quarta Conselheira fica vago. Existe uma possível questão operacional para não se eleger um novo membro: o Conselho de Administração, como aprovado em Assembléia, recebe uma retirada mensal como os cooperados que trabalham em contratos. Com a retirada a 400 reais, 1200 reais são acrescidos aos contratos do mês para financiá-los. Caso tenha uma quarta pessoas no Conselho essa parcela subiria para 1600 reais, o que, provavelmente, inviabilizaria a proposta.

Além do Conselho de Administração, uma cooperativa tem um Conselho Fiscal que controla a ação do primeiro. Na Cooperbrilha esse Conselho foi eleito na fundação, teve diversas composições, com e sem eleições. Os cooperados que assumiam o cargo ficavam, muitas vezes, ansiosos por não saberem o que fazer e o abandonavam. Somente em janeiro de 2000 que um grupo de três Conselheiras assume o trabalho. Mesmo assim permaneceu, o Conselho, sem suplentes.

Acima de qualquer cargo eletivo na cooperativa está a Assembléia, reunião com todos os cooperados (se possível) que decidem assuntos polêmicos por votação. Na Cooperbrilha, além da Assembléia, que é custosa por todo um procedimento burocrático de convocação, os cooperados encontravam-se para as Reuniões de Decisão, que tinha a mesma força e a mesma função.

 

2.      A forma de retirada: na cooperativa o cooperado recebe uma remuneração por seu trabalho, que na realidade é uma antecipação de suas sobras de final de ano, que se chama retirada. A forma de cálculo desta varia de cooperativa para cooperativa. Na Cooperbrilha os cooperados decidiram que a retirada seria de 400 reais para quem trabalhasse um mês completo. Por dia o cálculo é o mês dividido por 22 (dias úteis menos os descansos). Caso o cooperado trabalhe de diarista, recebe proporcional aos dias trabalhados. Quem não trabalha não recebe.

 

3.      Os resultados da cooperativa: todo o dinheiro que entra na cooperativa é dos cooperados. Aquilo que não é pago diretamente ao cooperado, em proporção ao trabalho realizado, é utilizado para pagar contas, como qualquer empresa normal. Aquilo que sobra dessas despesas é chamado Sobra. O destino desta é decidido na Assembléia Ordinária, a partir da apresentação do fechamento do Balanço Anual. Na Cooperbrilha esse Balanço não pode ser fechado a tempo, o que levou a cooperativa a adiar essa decisão ao fechamento do Balanço, quando uma Assembléia Extraordinária será marcada e divulgada.

 

4.      A cota parte: um aspecto que não tratei mas que deu um certo problema foi a integralização de cotas-parte. Para a Cooperbrilha a cota-parte subscrita (prometida) é de R$ 100,00 a ser integralizada (paga) em até 10 vezes. Na prática eles definiram que seria descontado R$ 25,00 por contrato trabalhado, até a integralização total das cotas. Apenas 7 cooperados integralizaram a cota parte até a Assembléia Ordinária. As cotas pagas são depositadas em uma conta de cotas, que funciona como uma reserva. Em janeiro de 2000 o saldo da conta era de R$ 1.000,00. Os cooperados que se desligaram da cooperativa exigiram suas cotas de volta, em dinheiro. A Administração pediu que, assim como eles tiveram tempo para pagar, a cooperativa tivesse tempo para devolver. Todas as exigidas acabaram sendo devolvidas.

 

Possíveis Conclusões (ou Indicações)

 

Como havia levantado no início do relatório, pretendo concluir minha pesquisa apenas indicando, com base no descrito, aquilo que acho possível concluir sobre as questões levantadas.

Existe uma possibilidade de manutenção das relações solidárias formadas em um grupo quando este é inserido na lógica competitiva de mercado? A experiência da Cooperbrilha mostra que é muito difícil compreender o que são relações solidárias numa sociedade capitalista. Algumas das situações descritas, e as outras que não descrevi, não apontam resposta. Ao menos não quanto aos fatos isolados (pois uns negam outros). O que sim serve como indicação é o desenvolvimento do grupo da Cooperbrilha. Independente do que se julgue sobre o trabalho de Jardinagem e Limpeza, “escravo” ou solução, é um trabalho digno, que com a saída dos cooperados que dele discordavam cria a condição do grupo que fica ter maior liberdade em exercê-lo. A relação de companheirismo parece ganhar um espaço maior com a diminuição da tensão.

O que são, na prática, os princípios do cooperativismo? O “Livre acesso e a adesão voluntária” já estão esclarecidos no texto. A “Gestão democrática” parece ser o esforço daqueles que dirigem a cooperativa dividirem com aqueles que representa, as informações possíveis. Um problema é que quem faz esse julgamento é a própria administração. A “Intercooperação” é a forma de se trabalhar com outras cooperativas. O fato de ter comprado almoço do outro grupo cooperativo demonstra uma intenção da Cooperbrilha seguir esse princípio. A “Divisão das sobras econômicas” não pode ser verificada por esta pesquisa pois, até o término dela, as sobras não estavam nem ao menos contabilizadas. A “Participação econômica dos membros” não é apenas a  integralização das cotas-parte, mas também a participação nos rateios coletivos que se tenha na cooperativa, como a compra do almoço do encontro descrito. “Informação, formação e educação democratizantes” é o despertar da vontade de um adulto voltar a estudar. É uma força coletiva pela defesa da importância de todos superarem a barreira da ignorância, por mais difícil que seja. A “Autonomia e Independência” é um dos princípios mais complexos para se pensar no caso de uma cooperativa de serviço como a Cooperbrilha. A relação estabelecida com o contratante buscou ser autônoma, mas seu limite era o poder do possuidor do capital. A situação do rodízio é uma prova. Agora o fato de se tentar romper com esta relação pode ser vista como uma forma de seguir o princípio. O princípio de “Interesse pela comunidade” também é de difícil análise. Tenho dúvida se o fato de abrir as portas para novos cooperados é um interesse pela comunidade. Não houve, no período analisado, nenhuma doação ou ação pela comunidade, mas um ano é pouco tempo para um empresa que inicia suas atividades sem capital.

A cooperativa popular, que inicia suas atividades sem capital, é viável economicamente? Pela receita bruta auferida de 53.000 reais, e o total de retiradas de 28.000 para o período de 8 meses trabalhados é uma indicação interessante da viabilidade do negócio. Além disso existe um lado social de um grupo de 30 pessoas, ao menos, que passam a sustentar uma atividade coletiva.

O setor de serviços pode ser cooperativado sem reproduzir as relações do trabalho assalariado, tendo o contratante como patrão? Os setores de serviços braçais, nos quais atua a cooperativa, parece ser um setor de difícil atuação para uma cooperativa. Para romper com as relações patronais a cooperativa precisaria atingir a plena autonomia de suas ações. Teria que transformar seus serviços, que são a venda da força de trabalho, em produto, no qual a força de trabalho agrega valor. Ao invés de vender a mão de obra para um jardim, vende-se o jardim, com tudo o que vem nele. Mas a alteração da postura do contratante passa por uma transformação cultural, de ver o trabalhador como ser capaz, e não mero braço a ser mandado. A figura do coordenador em campo pareceu ser uma boa solução para amenizar o problema.

Por fim apenas comento que segundo os autores Samuel Bowles e Herbert Gintis é perfeitamente possível uma cooperativa ser mais eficiente que uma empresa capitalista, devido principalmente aos chamados custos de “Agency” (custo de agenciamento do trabalhador)[4]. Por agenciamento pode se ter todos os gastos que o patrão faz para controlar o trabalhador, que quando este é o possuidor da empresa tornam-se desnecessários. Não tive a oportunidade de pesquisar esses custos em outra empresa do mesmo ramo para compará-los aos custos da Cooperbrilha, o que teria sido muito interessante. Mesmo assim espero que as contribuições que pude trazer por meio desta pesquisa virem mais um tijolo, por menor que seja, na construção da Economia Solidária.

 

 

Bibliografia

 

ALVES, Rubem  Conversas com quem gosta de ensinar, São Paulo, Cortez Editora, 1991

ANTEAG Empresa Social e Autogestão – ANTEAG  III Encontro Nacional, S.Paulo, 1998

BOWLES, Samuel, GINTIS, Herbert e GUSTAFSON, Bo Markets & Democracy: Participation, Accountability & Efficiency , 

GUILLERM, Alain e BOURDET, Yvon Autogestão: uma Mudança Radical, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1976

HOLZZMAN, Lorena da Silva Operários sem Patrões, Tese de Doutaramento- FFLCH-USP, 1990

MORALES,  e GUTIERREZ Princípios do Cooperativismo

PINHO, Diva Benvides Dicionário de Cooperativismo, São Paulo, Dotto Garcia Ltda. Editores, 1961

SINGER, Paul Globalização e Desemprego, S.Paulo, Ed. Contexto, 1998a

SINGER, Paul Utopia Militante, São Paulo, Vozes, 1998b

 

WHYTE, William Foote e WHYTE, Kathleen King, Making Mondragón, ILR PRESS, 4th. Edition, 1996. 1st.edition, 1988.

 


[1] O Controversa é um projeto do Centro Acadêmico Visconde Cairú da FEA-USP que organiza grupos de  estudos de alunos, sob a orientação de um professor.

[2] A ITCP-UFRJ havia iniciado seus trabalhos em 1996, a partir da experiência que haviam tido com um trabalho feito pela Universidade de Santa Maria-RS em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz, na qual haviam feito um curso de cooperativismo para um grupo de moradores da região de Manguinhos. Mais de 1000 pessoas quase dobraram sua renda, passando a receber em torno de 3 salários mínimos. Naquele momento a Coppe já estava organizando quase 21 cooperativas, sendo que 9 possuíam contratos com a Universidade e 12 estavam ainda em processo de formação e legalização.

[3] Para contratos de Segurança, o “gato” chega a receber R$ 4.000,00 por trabalhador e paga apenas R$ 400,00 por seu trabalho.

[4] BOWLES, Samuel, GINTIS, Herbert e GUSTAFSON, Bo Markets & Democracy: Participation, Accountability & Efficiency

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