Anos de amizade, e de amor

Eramos quatro sentados nas quatro paredes. E eu. Do vinho à boa mesa, historias felizes, lembranças, sorrisos, abraços, fotos. Amizade é coisa que não tem como explicar. Foi aí que na conversa surgiu o amor. Aos vinte anos ele aparece com a perenidade dos múltiplos encontros dispersos na curta, longa jornada de vida; vinte e seis, é a permanência do contato, longas cartas e mensagens que se somam duzentas no sem fim de carinho que distante faz falta; vinte e sete, a nova beleza refloresce quando os seis anos de noivado foram incapazes de contribuir com aquilo que só depois foi possível saber: a leveza de ser quem a gente é, só que no outro, através dele. Trinta anos, o silencio passifico da espera porque logo mais ele vai ligar, vai chegar e se fazer parte presente naquilo que efêmero é apenas o que não é.

 

Eu sentado, fumo meu cigarro, atendo minha ligação. Saudade no peito compartilhada não resolve, nem mesmo ameniza, porque a vontade era estar lá ou ela estar aqui. A rolha que não quer sair da garrafa, porque estava seca, não era a do vinho, mas da impossibilidade, mesmo que momentânea, de cura dessa ausência.

 

Se amor quando falta na presença dói, amizade também pode doer. Pro amor a gente aprende a curtir a graça, o momento e realização do outro, que sabemos logo acaba. Saberemos em breve se essa sensação, da ausência presente do carinho, na amizade, assim também pode funcionar.

Leave a comment