Amor a futebol

Apita o árbitro. Bola rolando no campo já conhecido. Mesmo que mudem os buracos, mudem os tufos, a grama, a pressão da torcida, é tudo muito parecido. Quatro linhas (mais umas de referência), uma bola, e um monte de gente correndo atrás dela. A meta, o gol. No meio, um juiz que sopra os erros e acertos dos jogadores, fazendo o jogo continuar. Um chapéu, um cabeceio, uma bicicleta, várias jogadas tornam o comum mais bonito. A mesma meta, a mesma regra. E mesmo quando ela se tenta burlar, ainda assim se mantém o objetivo. Vencer. Se se pisa em campo, não há como não jogar. Ficar parado, chutar contra o próprio gol, passar pro adversário, sentar no meio do campo, ir atrás dos quero-queros que invadiram, encostar-se ao alambrado pra conversar com os torcedores, nada disso resolve. É a regra que dá a graça do jogo… que o faz ter sentido, inclusive. Assim também é na guerra louca dos encontros. Discursos negam a vontade do jogo – comigo não tem dessa, é pão-pão, queijo-queijo. A negação do jogo, infelizmente, como no futebol, faz perder a graça. E sua afirmação não faz sair dele. Quebrar regras, marcar impedido, usar a mão, seguir o jogo mesmo depois de uma bola fora, só por ser “proibido”, tem a mesma referência. Tudo se faz buscando aquela meta. Assim como é difícil pensar um gol com sentido fora dessas regras, é difícil pensar o desejo fora dos joguinhos do amor. Mesmo que por vezes isso se queira negar…

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