Te mandei

Não foi planejado

Feito ao acaso, o recado veio na cabeça

Cansado da lenga-lenga indefinida do não querer

Também não quis mais o papel que me cabia

Mandei pro ar

 

Pensei em ligar, mas fui desaconselhado

Como um diabinho na orelha,

O álcool ainda girava no meu sangue

E lembrando de cada cena

De cada olhar, meu termômetro batia

Assim não dava mais

 

Rolando na cama, botei a barriga pra cima

Pra cima também ficou meu nariz

Que buscava altivamente um ar pra respirar

Tava tudo pesado

 

Leveza só cabia no romper

No dizer a verdade

Num quase confessar que o fardo era mesmo pesado

A contradição entre teu gesto e tua fala

Era a mesma que a realidade e minha imaginação

 

Não era um beijo que eu queria,

Eu queria você

Não era um beijo que eu conhecia

Eu sentia que o seu querer era verdadeiro

 

Mas não podia ser, estava enlameado

A confusão mental já vinha de algum tempo

Como um tropeço, a bola foi crescendo

Ao ponto de gostar tanto que já não vivia sem

 

O que senti foi verdadeiro,

Proporcional a minha inconformação com tua postura

Não era questão de culpa, era opção

Você quis sentir falta dela, eu também

Te mandei, tomar

“bem no meio do seu cú”

1 Comment

  1. GENIAL. Entrei aqui depois de uma propaganda sua do blog num debate. Me identifiquei como os poemas, esse em especial… valeu o conselho implícito, vou mandar também! Cheers.

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